Estranho como tua voz já me é desconhecida. Apesar de possuir uma memória prodigiosa, optei por esquecer-te. Não foi difícil! Bloqueei mecanismos de acesso a fim de evitar que tuas palavras me penetrassem. Tua imagem fica a cada dia mais nebulosa. As tuas cores e teu sorriso volatilizam-se e transportam-se para longe. Contudo, teu nome ainda surge frequentemente na minha cabeça acompanhado por promessas distantes e expectativas intangíveis que escolhi deixar no passado. Ontem já é distante demais. Caso te encontre na rua, sorrirei para ti como a um estranho. Se quiseres falar comigo novamente, terás de se apresentar como num segundo-primeiro-encontro pois em mim já és desconhecido.
Juliana R. Sanchez
Imagem de Alyssa Monks, Hold, 2006, Oil in Linen.